De 07 a 13 de julho, durante sete dias de interação entre atores que sistematizam conhecimentos em diferentes instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais e sujeitos sociais estiveram reunidos na cidade das mangueiras, em Belém do Pará. Foi um encontro de troca de experiências, articulações e diálogos sobre questões urgentes como as mudanças climáticas, a participação na COP 30, o combate à fome e a soberania alimentar dos povos, potencializado pelo Paneiro Espaço da Cultura Alimentar e pela Feira da Economia Solidária e da Sociobiodiversidade, em parceria com o Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares - INEAF e a UFPA, sob coordenação do Prof. Flávio Barros.
Em meio a tanta diversidade e com mais de trinta mil participantes inscritos, o Movimento Camponês Popular teve presença marcante em todo o evento. Participou ativamente da feira com a comercialização de produtos dos territórios do Pará, Sergipe, Goiás e Pernambuco, além da venda de comidas típicas da Amazônia e do alimento extraído da "mais magra das palmeiras", o açaí, através da Rede de Cozinhas Populares Solidárias.
SABOR AÇAÍ
E pra quê tu foi plantado?
E pra quê tu foi plantada?
Pra invadir a nossa mesa
E abastar a nossa casa
Teu destino foi traçado
Pelas mãos da mãe do mato
Mãos prendadas de uma deusa
Mãos de toque abençoado
És a planta que alimenta
A paixão do nosso povo
Macho fêmea das touceiras
Onde Oxóssi faz seu posto
A mais magra das palmeiras
Mas mulher do sangue grosso
E homem do sangue vasto
Tu te entrega até o caroço
E tua fruta vai rolando
Para os nossos alguidares
E se entrega ao sacrifício
Fruta santa, fruta mártir
Tens o dom de seres muito
Onde muitos não têm nada
Uns te chamam açaizeiro
Outros te chamam juçara
Põe tapioca, põe farinha d'água
Põe açúcar, não põe nada
Ou me bebe como um suco
Que eu sou muito mais que um fruto
Sou sabor marajoara
Sou sabor marajoara
Sou sabor...
Põe tapioca, põe farinha d'água
Põe açúcar, não põe nada
Ou me bebe como um suco
Que eu sou muito mais que um fruto
Sou sabor marajoara
Sou sabor marajoara
Sou sabor...
Põe tapioca, põe farinha d'água
Põe açúcar, não põe nada
Ou me bebe como um suco
Que eu sou muito mais que um fruto
Sou sabor marajoara
Sou sabor marajoara
Sou sabor...
Põe tapioca, põe farinha d'água
Põe açúcar, não põe nada
Ou me bebe como um suco
Que eu sou muito mais que um fruto
Sou sabor marajoara
Sou sabor marajoara
Sou sabor...
Põe tapioca, põe farinha...
(Lucinha Bastos e Nilson Chaves)
A participação do movimento transmitiu a mensagem da força da ciência popular, como meio indispensável para transformar a sociedade. Participamos de rodas de conversas com a experiência da Cabana da Agrobiodiveridade, da Rede de Cozinhas Populares Solidárias e da produção de bioinsumos como estratégia de transição agroecológica, além de coordenar a troca de sementes crioulas e saberes entre os guardiões e guardiãs, que emocionou quem viveu o momento.
A mensagem foi transmitida: não há ciência sem conhecimento tradicional e saber popular. Agora, é hora de reinventar com ousadia e criatividade as próximas edições da SBPC, garantindo especialmente a participação dos movimentos sociais, da cultura popular e das comunidades tradicionais.
Comida Saudável: direito do povo, dever do Estado, compromisso camponês!
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