Movidas pela força, resistência e esperança do dia internacional de luta das mulheres, o 8 de março, que nós mulheres do campo nos mobilizamos contra a fome, a miséria e todos os tipos de violências que afetam as mulheres diariamente.
Esse ano nossa jornada acontece entre os dias 07 e 08 de março, com o lema: Mulheres camponesas contra a fome, pelo direito de viver bem e sem violência no campo!
As mulheres camponesas historicamente cumprem um papel fundamental na produção de alimentos saudáveis e na conversação da agrobiodiversidade, pilares para construção da soberania alimentar e no combate à fome.
Atualmente, cerca de 33,1 milhões de brasileiros estão passando fome. A concentração de riqueza só aumenta nas mãos de poucos grupos e o meio ambiente sofre com a destruição acelerada em nome da ganância de um modelo de produção de commodities no campo – o agronegócio, que produz para exportar, enquanto contamina de agrotóxicos nossa água, nossa terra, nossas sementes, destrói nossos territórios produzindo violência e fome.
Neste contexto, as mulheres são as mais atingidas, pois muitas delas são chefas de família e principais responsáveis em levar o alimento para a mesa de suas famílias. Sofrem com o trabalho precarizado, a desvalorização, a imposição da tripla jornada e enfrentam diariamente as diversas faces da violência patriarcal e racial.
Denunciamos todas essas violações, não é possível viver bem sabendo que milhares de mulheres não dormem por saber que não tem o que dar de comer aos seus filhos, não é possível viver bem sabendo que a violência contra as mulheres tem aumentado, não é possível viver bem não tendo um lugar digno de morar, não é possível viver bem sem ter as condições estruturais de produzir alimentos, não é possível bem sem ter nossos direitos garantidos.
Precisamos dar um basta na violência que atinge todos os dias as mulheres do campo e da cidade. O nosso país tem índice altíssimo de violência contra as mulheres, de feminicídio. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) aponta que só no primeiro semestre de 2023 foram registrados 722 feminicídios no Brasil e também a cada 8 minutos uma menina ou mulher é estuprada em nosso país. Também é violência quando temos nossos direitos a uma vida digna retirados.
Somos mulheres de luta e resistência, por isso lutamos. Nossa tarefa é continuar lutando contra a fome, por condições melhores para produzir alimentos saudáveis, contra todos os tipos de violências que afeta as mulheres camponesas, em defesa dos nossos territórios, da democracia e por direitos sociais.
Por isso, nesse 8 de março voltamos as ruas para reivindicar:
1. DEFESA INTEGRAL DA VIDA DAS MULHERES CAMPONESAS com a promoção de políticas públicas de combate à violência e proteção de mulheres e ações de fomento para organização produtiva e geração de renda;
2. CRIAÇÃO E FORTALECIMENTO DE PROGRAMAS VOLTADOS A AGRICULTURA CAMPONESA PARA INVESTIMENTOS NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS como, assistência técnica pública, crédito para produzir, programa de mecanização da agricultura camponesa, agroindústria, incentivo para produção de bioinsumo e sementes crioulas, ampliação do orçamento para PAA, PNAE.
3. HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO CAMPO: seleção imediata e contratação da demanda de moradias camponesas apresentadas em Goiás.
COMIDA SAUDÁVEL: DEVER DO ESTADO, DIREITO DO POVO, COMPROMISSO CAMPONÊS.
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