Nós, mais de 1.500 camponeses, camponesas, povos indígenas, comunidades quilombolas, estudantes, professores, pesquisadores, organizações parceiras, delegações internacionais e as crianças camponesas reunidos no período de 02 a 05 de outubro de 2023, na cidade de Recife, no estado de Pernambuco, no X Seminário Nacional de Agrobiodiversidade e Sementes Crioulas (SENASEC) com tema “Comida saudável: dever do estado, direito do povo, compromisso camponês”, constatamos que, no último período enfrentamos graves retrocessos políticos e sociais gerados pelo golpe e pela ascenção do facismo ao poder, reduzindo direitos e conquistas sociais, ampliando as mazelas e as desigualdades e, sobretudo, a fome no nosso país.
O empobrecimento dos trabalhadores e trabalhadoras não é algo do acaso, mas parte de estratégia de mercantilização da natureza, do trabalho e das pessoas. O agronegócio é parte do projeto ambicioso do capital que concentra terra, aumenta a desigualdade e gera danos irreversíveis à natureza como as mudanças climáticas, a redução da biodiversidade, a erosão genética e as contaminações por transgênicos e agrotóxicos.
A eleição do presidente Lula foi uma grande vitória política do povo brasileiro e da democracia, mas, sabemos que a burguesia pressiona o governo de todos os lados para garantir seus privilégios, dessa forma, continuaremos lutando para que o presidente Lula, cumpra as promessas do programa de governo que foi apresentado ao povo durante as eleições.
Diante disso, o Movimento Camponês Popular reafirma, através de ações, proposições, experiências e lutas nos seus 15 anos de história, a retomada e consolidação da democracia, a produção de alimentos saudáveis as a defesa das sementes crioulas como meio de enfrentamento as mazelas impostas pelo capital em suas diferentes facetas. Com isto, apresentamos à sociedade a proposição da Política Nacional de Conservação e Uso da Agrobiodiversidade como instrumento de garantir a produção de alimentos respeitando a natureza e conservado a agrobiodiversidade.
A nossa luta é pela produção agroeocológica de alimentos, com o protagonismo das mulheres e da juventude camponesa e participação política. O enfrentamento a fome é uma ação urgente, que só será possível com a união das forças organizadas do campo e da cidade, assim como de uma forte ação do Estado para construção de políticas estruturantes para que todo o campesinato possa produzir, beneficiar e garantir o abastecimento social de alimentos saudáveis.
Nos comprometemos com a construção da unidade na luta popular como estratégia emancipadora. Continuaremos fortalecendo o processo da educação libertadora, de formação política e a troca de saberes através dos Seminários e Feiras nacionais e territoriais da agrobiodiversidade.
Seguimos alimentados pela mística da resistência dos guardiões e guardiãs das sementes crioulas, pela inspiração viva e contribuições históricas de Horácio Martins de Carvalho e pela memória da luta das Ligas Camponesas que representam a força organizada do campesinato em movimento na luta por profundas transformações na sociedade.
COMIDA SAUDÁVEL: DEVER DO ESTADO, DIREITO DO POVO, COMPROMISSO CAMPONÊS!
Recife-PE, 05 de setembro de 2023
Direção Nacional do Movimento Camponês Popular
Comments