O governo Bolsonaro é recorde em veneno. Nos últimos 3 anos, mais de 1500 agrotóxicos diferentes foram aprovados, o que representa 40% dos registros de produtos agrotóxicos aprovados no Brasil na história.
Na agricultura, o uso de agrotóxicos é diretamente relacionado ao modo de produção do agronegócio, que necessita dos produtos para manter o alto número de exportações do setor. Mas enquanto os ricos fazendeiros ganham milhões, a população brasileira passa fome. Hoje, estima-se que mais de 120 milhões de brasileiros e brasileiras sofrem de algum tipo de insegurança alimentar e 19 milhões não sabem se irão comer amanhã.
Além disso, o uso de agrotóxicos também contamina plantações próximas que não usam tais produtos, o que acaba interferindo diretamente na agricultura camponesa, orgânica e familiar - essa sim, responsável pela maior parte da comida que chega às mesas de brasileiros e brasileiras.
Esse uso indiscriminado de agrotóxicos e produtos similares está sendo denunciado pela Campanha SEMENTES DA VIDA, que vem sendo encabeçada pelo MCP como um alerta sobre as contaminações de sementes crioulas em todo o Brasil. O tema também vem sendo discutido há anos pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
Outra ação no sentido de conscientizar sobre os agrotóxicos é o Robotox, perfil criado pela Agência Pública e o Repórter Brasil no Twitter para monitorar a liberação de agrotóxicos no Brasil.
DOENÇAS
Abordados em matéria da Revista Carta Capital, os agrotóxicos estão diretamente associados a doenças. Na matéria, o professor Pablo Moritz, diretor do Centro de Formação Toxicológica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, conta que não existe um jeito seguro para o uso de agrotóxicos na produção de alimentos. “Nos períodos de maior vulnerabilidade do nosso corpo, como gravidez, infância e adolescência, qualquer dose pode provocar graves doenças”, afirma.
Existem quatro graves consequências, enumera Moritz no texto publicado na Carta. A primeira, chamada de neurotoxicidade, age diretamente no sistema nervoso periférico. A ciência comprovou que, mesmo em pequenas doses ou porções, os agrotóxicos, neste caso notadamente os inseticidas, causam sérios problemas, principalmente em crianças, como alteração no QI, déficit de atenção, hiperatividade, autismo e transtornos psiquiátricos. Na vida adulta, é o gatilho para uma série de doenças neurológicas.
A segunda é a chamada toxicidade endócrina, que afeta os órgãos regulados por hormônios. As principais doenças são obesidade, diabetes, infertilidade, puberdade precoce e o câncer em órgãos que dependem de hormônio – mama, próstata, ovário e testículo.
A terceira é o câncer. O glifosato, agrotóxico mais utilizado, é, de acordo com inúmeros estudos científicos, altamente cancerígeno. Pesquisas recentes relacionam os pesticidas à incidência de leucemia, linfomas e tumores sólidos no sistema nervoso central. Por fim, estimula-se a chamada disbiose intestinal, um desequilíbrio causado pela diminuição do número de bactérias boas do intestino e o aumento das bactérias capazes de causar doença.
No Brasil, entre 2007 e 2014, foram registradas quase 2 mil mortes por intoxicação agrícola, média de 148 óbitos por ano ou um caso a cada dois dias e meio. O campeão é o Paraná, com 231 falecimentos no período, seguido por Pernambuco (151) e o trio São Paulo, Minas Gerais e Ceará (83 cada um).
Os registros oficiais do Ministério da Saúde apontam que, no mesmo período, os casos de intoxicação por agrotóxicos superam 25 mil. O alarmante nesta estatística é que, para cada caso notificado, pode haver 50 outras não notificadas. “Os casos apontados no Mapa são apenas a ponta do iceberg, cerca de 2% do total”, escreveu Bombardi. Por conseguinte, continua ela, “é possível haver 1,25 milhão de intoxicações no País por agrotóxico”. Na mesma lógica, o número de óbitos seria muito maior.
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