Há três anos uma jovem vereadora do Rio de Janeiro foi executada a tiros junto ao seu motorista. Marielle Franco e Anderson Silva foram vítimas de um Brasil intolerante, carente valores democráticos e princípios republicanos. Um Brasil que condecora milicianos e repudia a classe trabalhadora, principalmente mulheres, negros, homossexuais e populações periféricas.
Marielle era uma trabalhadora preta, pobre, homossexual e periférica, que se tornou vereadora porque carregava dentro de si a fortaleza moral das grandes guerreiras e a sensibilidade afetiva de quem se entrega à luta popular, como forma de vida. O assassinato de Marielle é hoje, símbolo do escárnio que se tornou o estado brasileiro, símbolo de um futuro roubado e de um povo vítima da necropolítica e dos assassinatos sistemáticos promovidos por diferentes instituições que deveriam protegê-lo.
Hoje completam-se 1.096 dias que seguimos sem sabermos quem mandou matar Marielle e os motivos desse bárbaro homicídio. Recentemente, o Instituto Marielle Franco reuniu um dossiê com tudo o que aconteceu desde a morte da vereadora. Nele, são listadas 14 perguntas que continuam sem resposta sobre a investigação.
Para nós, Camponeses e Camponesas, recordar a vida de Marielle faz parte da mística que alimenta nossa luta diária porque assim como ela, nós lutamos por um Brasil soberano, que respeita a dignidade e a vida das pessoas. Dizemos Basta! Basta de assassinar o povo negro das periferias, basta de acabar com as políticas públicas que levam comida à mesa das familias, basta de sucatear o SUS e negar a pandemia, basta de vender a riqueza nacional a preço de banana, basta de implementar reformas e aprovar leis que significam o empobrecimiento e a morte diária de milhares de pessoas. Em que momento a ladeira que estamos descendo desde o golpe de 2016 vai parar de ir mais e mais para baixo?
Acreditamos que a solução deste bárbaro assassinato é um passo crucial para que voltemos a viver dias melhores, com mais esperanças no futuro, num país livre do bolsonarismo, onde nossa diversidade seja nossa principal riqueza.
Marielle Franco, Presente!
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