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Memória de um martírio



Todo 17 de abril é inesquecível para camponeses e camponesas. A data marca o dia em que trabalhadores do Movimento Sem Terra (MST) no Pará, em marcha de protesto à capital do estado, Belém, foram encurralados e chacinados pela Policia Militar (PM) na “Curva do S”, em Eldorado dos Carajás. O encontro ficou marcado como o Dia Internacional da Luta Camponesa.


O cenário de guerra se instalou o então governador Almir Gabriel e seu Secretário de Segurança, Paulo Sette Câmara, emitiram ordens ao Coronel da Polícia Militar (PM) Mário Colares Pantoja "usar a força necessária, inclusive atirar" para desobstruir a BR 155, onde os camponeses e camponesas em marcha estavam acampados. O confronto terminou com 21 trabalhadores assassinados, numa luta desigual entre camponeses em posse de suas ferramentas de trabalho contra mais de 150 policiais armados de revolveres, pistolas e metralhadoras.


Inúmeros disparos de armas de fogo e rajadas de metralhadoras foram efetuados contra os trabalhadores que, dispersos pelos tiros, tornaram-se alvos fáceis nas mãos dos agressores. Muitos trabalhadores feridos, afugentados em meio ao matagal, foram perseguidos e executados a sangue frio, conforme conclusão do legista Nelson Massini, responsável pela perícia dos corpos. Pelo menos dez vítimas foram executadas à queima-roupa e outros sete lavradores foram mortos por instrumentos cortantes como foices e facões.


Mal sabem seus feitores, que esses 21 trabalhadores assassinados não foram enterrados, mas semeados. Seus exemplos se tornaram um legado que fortalece a luta legítima e constitucional pela reforma agrária e seus princípios de vida foram assumidas pelas novas gerações. A luta hoje é nossa. Somos nós as novas sementes!


A memória deste dia, marcado pela brutalidade, inspira a resistência de camponeses e camponesas no mundo inteiro. Marchamos e continuaremos em frente, produzindo a comida que alimenta o povo brasileiro sem temer a intolerância dos poderosos à insuportável ideia da justa distribuição das riquezas. Não nos cabe o silêncio hipócrita, moldado por uma mentalidade gananciosa e por uma sociedade racista, machista, homofóbica e míope socialmente. Nossas vozes reunidas gritam por justiça!


Camponeses e camponesas, por uma reforma agrária soberana e popular, nem um minuto de silêncio. Pelo fim da impunidade toda nossa força, nossa luta, nossa resistência!


Diretoria Nacional do Movimento Camponês Popular (MCP).





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